Um basta na insensatez. (Grandes lapsos de sanidade)

Passava horas e horas procurando em que perder tempo, se afundando em livros e assistindo a vários filmes,dormindo mais do que precisava só pra esquecer porque se sentia anestesiada e machucada demais pra agir como sempre agiu.
Mas foram poucas as pessoas que perceberam, quem é que percebe as feridas internas? Elas não sangram, não deixam cicatrizes visíveis...O que não significa que deixam de existir.
Mas sejamos sinceros, é claro que haviam aqueles momentos em que não sobrava tempo pra pensar no que ela deveria esquecer. Como não precisar acordar cedo de manhã,conseguir passar de uma fase difícil no videogame, ver como o céu parece mais bonito quando ela acorda bem disposta,os doces que ela gosta tanto,os sorrisos que ainda consegue arrancar, os sorrisos que ainda conseguem arrancar dela,roupas de inverno,perceber como as pessoas ficam elegantes no inverno,os amigos que ela conseguiu manter,nota alta em química, elogios, esmaltes novos, sapatos novos, cadernos novos.
Só lamenta por não ser altruísta o bastante pra fazer jus a tão antiga e clichê frase que todos insistem em dizer da boca pra fora,mas que na verdade ninguém sente: "Desejar o bem a quem te faz mal."
Não deseja bem nem mal, deseja distância,deseja sossego,deseja não desejar.



E o que ela faz?...
Ignora tudo que pode piorar seu estado agora natural. Termina de ler aquele livro do qual gostou tanto, mas já não é como uma fuga.Aliás, pode até ser.
Já dizia Charles Bukowski, ''tudo é uma fuga.'' Mas já se passou tanto tempo que ela não se importa de fugir.Já fugiu tanto, que não consegue ver nada quando olha pra trás.



Até porque anda preferindo olhar pra frente. Mais nada.

E não são mais pequenos lapsos. São objetivos, são metas, são promessas que só são quebradas nos seus sonhos.
Mas só porque nos sonhos essa percepção é nula.Esses momentos em que a gente percebe estar jogando o tempo no lixo.


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